quarta-feira, 18 de junho de 2014

Espanha e Chile na POESIA


ESPANHA
QUE RUÍDO TÃO TRISTE (Luís Cernuda)

Que ruído tão triste o que fazem dois corpos quando se amam,
Parece como o vento que se mexe no outono
Sobre adolescentes mutilados,
Enquanto as mãos chovem,
Mãos ligeiras, mãos egoístas, mãos obscenas,
Cataratas de mãos que foram um dia
Flores no jardim de um diminuto bolsinho.

As flores são areia e os meninos são folhas,
E seu leve ruído é amável ao ouvido
Quando riem, quando amam, quando beijam,
Quando beijam o íntimo
De um homem jovem e cansado
Porque outrora sonhou muito dia e noite.

Mas os meninos não sabem,
Nem tampouco as mãos chovem como dizem,
Assim o homem, cansado de estar só com seus sonhos,
Invoca bolsinhos que soltam areia,
Areia das flores,
Para que um dia decorem seu semblante de morto.


Tradução:Ronald Polito e Josep Domènech Ponsatí





 
***



CHILE
MEMENTO (María Cristina Ursic)


Naufraga el corazón de lentas luces
en este mar crecido de la noche.

Un árbol, doloroso me ilumina
con el perdón antiguo de su viento.

Pasivas manos que no cultivan nada.

La antigua soledad que me sostiene
deposita en su fondo mis estrellas
y un círculo de sueños devastados.

La mano silenciosa que me trajo
al descarnado asilo de esta noche,
no sabía este silencio embravecido
que desata las cenizas del espanto

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