segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Fatos do fogo e da água



sou 
um colapso esburacando a manhã 
lembrando daquele dia de desconhecidos 

posso 
me achegar ao teu rosto 
aprender as notas do teu riso cifrado 

quero
acordar o octopus que sonha 
incitar seu abraço e me perder na tinta do seu ataque 

entrementes
atalhos coloridos na tua pele me desviam do caminho 
teu olhar incendeia a minha seiva 
e o trem do sonho não pára de percorrer os sentidos 
“Crash into my arms. 
I want you.” (Vince Vinnus) 




17012014 & 12102015

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Atrás das coisas da tarde



há dez anos desembrulho essa cidade
e agora você se coloca na moldura dos olhos

não sei como te dizer calmamente:
o batom dele escorre na lateral da tua boca
            pra onde foge essa cor de loucos?

deslizo par’alcançar o escorpião com os dentes
olho pra você com vontade de ver mais

tenho as mãos adormecidas na tua pele
perduro nas tuas barbas
            onde os sonhos fazem acrobacias

debulho o teu sorriso cifrado
            para abrir espaço pras línguas

um afeto se faz perguntas:
caberão os corpos na nossa estréia?

vasculho as entrelinhas da tua fumaça
            e me sobe um paraíso pela nuca:
tua voz se acende às três da manhã



09102014 & 05102015

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Leitura das águas


duas noites se encontram numa parede sem estrelas
                e a pálpebra amanhece rabiscada

os muros se sucedem no ofício desmontando trípticos
                e com rumores inaudíveis as peles se pedem

o sonho se revolve em busca da tua folha
                preciso um novo alfabeto para alcançar tua boca

num lugar do teu braço direito
                entre o que penso e vejo
                entre risos e estações trocadas
o meu ombro se demora

23042012 & 04102015
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