quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Olhos de Balboa



ideogramas descem pela tua camisa
                  apedrejam teu peito

um dragão resenha as tuas costas
                 cria raízes nos teus ombros

um desassossego dorme sob o chapéu da tarde
                          dedilha verdes,sombras, grades
                          transfere o segredo dos lábios para tuas mãos

tua voz segue no estúdio das lembranças
o sonho engasta beijos no livro da pele

meus olhos queimam a fuga do tempo desafiando Caronte
mas temem o castanho baldio dos teus



15052012 & 23122015

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Alba



hay perros que muerden la muerte y se zafan
hace días, orillas, noches adentro que no duermo

bajo los techos
partida a partida
la infancia del instante
la confesión de nieve al viento

amanece y callo
en la piel de pie nace el día
todo insoslayable

lejos    la desmesura en el valle
            las mejillas de la futura tarde
            la frente de la claridad

al inicio, entrega osadía
después en sí misma
la fecha en la niebla
toda sombra y su heredad
¡más hondo!
¡más hondo!
¡más hondo!



02082013 & 17122015

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Fatos do fogo e da água



sou 
um colapso esburacando a manhã 
lembrando daquele dia de desconhecidos 

posso 
me achegar ao teu rosto 
aprender as notas do teu riso cifrado 

quero
acordar o octopus que sonha 
incitar seu abraço e me perder na tinta do seu ataque 

entrementes
atalhos coloridos na tua pele me desviam do caminho 
teu olhar incendeia a minha seiva 
e o trem do sonho não pára de percorrer os sentidos 
“Crash into my arms. 
I want you.” (Vince Vinnus) 




17012014 & 12102015

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Atrás das coisas da tarde



há dez anos desembrulho essa cidade
e agora você se coloca na moldura dos olhos

não sei como te dizer calmamente:
o batom dele escorre na lateral da tua boca
            pra onde foge essa cor de loucos?

deslizo par’alcançar o escorpião com os dentes
olho pra você com vontade de ver mais

tenho as mãos adormecidas na tua pele
perduro nas tuas barbas
            onde os sonhos fazem acrobacias

debulho o teu sorriso cifrado
            para abrir espaço pras línguas

um afeto se faz perguntas:
caberão os corpos na nossa estréia?

vasculho as entrelinhas da tua fumaça
            e me sobe um paraíso pela nuca:
tua voz se acende às três da manhã



09102014 & 05102015
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