terça-feira, 31 de dezembro de 2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Janelas



Janelas



os olhos sofrem de paisagens desérticas e arestas

as mãos padecem das intermitências da seda

a pele já se esfarela na conformidade do nada



                               (e então, atrás da persiana, o balão de oxigênio dos sonhos)



entre os soluços da fuligem a franca lâmpada da busca se acende

um homem de branco descalça os sapatos de um soneto

e abre a caixa de torturas da fome que não se sacia nunca



a língua muda no transcorrer da boca e derruba a caldeira dos lábios

os braços sustentam feixes de sílabas ainda inabitadas

no armário obscuro das novenas desfilam todas as fantasias



entre flores que se desprendem do riso o teu vestido sideral se derrama sobre o meu corpo

e verte o seu vermelho sobre a minha boca presa na bolha iridescente do dia

enquanto meus dedos surpresos encontram a curva desnuda dos teus ombros



uma fênix prateada emerge do meu bestiário carregando pedras azuis

no fundo do labirinto da noite as labaredas falam a mesma língua

com o atestado das paredes e o olhar acidentado da cruz

eu sou outra vez solúvel em saliva e luz



12082013 & 03122013
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