terça-feira, 6 de outubro de 2015

Atrás das coisas da tarde



há dez anos desembrulho essa cidade
e agora você se coloca na moldura dos olhos

não sei como te dizer calmamente:
o batom dele escorre na lateral da tua boca
            pra onde foge essa cor de loucos?

deslizo par’alcançar o escorpião com os dentes
olho pra você com vontade de ver mais

tenho as mãos adormecidas na tua pele
perduro nas tuas barbas
            onde os sonhos fazem acrobacias

debulho o teu sorriso cifrado
            para abrir espaço pras línguas

um afeto se faz perguntas:
caberão os corpos na nossa estréia?

vasculho as entrelinhas da tua fumaça
            e me sobe um paraíso pela nuca:
tua voz se acende às três da manhã



09102014 & 05102015

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