terça-feira, 31 de dezembro de 2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Janelas



Janelas



os olhos sofrem de paisagens desérticas e arestas

as mãos padecem das intermitências da seda

a pele já se esfarela na conformidade do nada



                               (e então, atrás da persiana, o balão de oxigênio dos sonhos)



entre os soluços da fuligem a franca lâmpada da busca se acende

um homem de branco descalça os sapatos de um soneto

e abre a caixa de torturas da fome que não se sacia nunca



a língua muda no transcorrer da boca e derruba a caldeira dos lábios

os braços sustentam feixes de sílabas ainda inabitadas

no armário obscuro das novenas desfilam todas as fantasias



entre flores que se desprendem do riso o teu vestido sideral se derrama sobre o meu corpo

e verte o seu vermelho sobre a minha boca presa na bolha iridescente do dia

enquanto meus dedos surpresos encontram a curva desnuda dos teus ombros



uma fênix prateada emerge do meu bestiário carregando pedras azuis

no fundo do labirinto da noite as labaredas falam a mesma língua

com o atestado das paredes e o olhar acidentado da cruz

eu sou outra vez solúvel em saliva e luz



12082013 & 03122013

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Metamorfismo



a noite fuça o fundo das gavetas
desperta sentidos não mais vistos pela rotina do ser
aperta botões de estar e joga contigo

reconhece o desassossego como amigo,
abre janelas da imaginação para o imprevisível
te banha com a luz irresistível dos muitos dias que virão

liga os pontos da sua trama à teia da manhã
nos devolve intactos à travessia
com um sol enlouquecido de guizos dourados

expirando inspiração, exala o hálito fresco do recomeço
desponta como fonte de vida quase inédita e infinita
e humilde se retira, sem fazer caso do ocaso


Em parceria com Wagner Miranda
(http://brincandodedeus.wordpress.com/)



(15082013 & 30102013)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Tradução: Orlando Suárez



ORLANDO SUÁREZ

Quién pudiera como el río
ser fugitivo y eterno.
Dulce María Loynaz



A memória do meu avô.



Agora te recordo:

À noite

tomavas café

Esperavas a ceia

absorto

iluminado...

Divisavas o horizonte
ou esperavas que viriam por ti
os saudosos dias que te acompanharam?


Tradução: Jeanine Will


 



ORLANDO SUÁREZ
 

 
Quién pudiera como el río
ser fugitivo y eterno.
Dulce María Loynaz


A la memoria de mi abuelo.



Ahora te recuerdo:

En la noche

tomabas el café y

Esperabas la cena

absorto

iluminado…

¿Oteabas el horizonte
o esperabas que vinieran por ti
los nostalgeosos días que te trajeron?
  


(Poema de Samuel López Suárez)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...